Inovação foi proposta por professores e alunos do curso de engenharia civil; protótipo será construído nesta semana
Aproximadamente 20% dos imóveis em Campo Grande ainda não estão ligados à rede de esgoto e os donos não têm opção senão usar fossas sépticas. O problema é que se construídas da forma errada, elas contaminam os lençóis freáticos. Além disso, muitas pessoas não têm condições de arcar com os custos para executar o serviço do jeito certo e com ajuda especializada.
Está em andamento um projeto que promete dar uma solução barata e ecologicamente correta a esse dilema usando pneus e um sistema de filtragem dos resíduos usando pedra brita.
Resumidamente, a borracha substitui a alvenaria, fornecendo a vedação para que o solo não seja afetado. Fora isso, o sistema é parecido com aquele usado na maioria das casas, fazendo a água passar por vários buracos antes de ser dispensada. A ideia veio de um grupo de alunos da Uniderp orientados pelo professor mestre em engenharia de estruturas Camilo Mizumoto.
Segundo ele, a profundidade de cada compartimento depende de quantas pessoas vão usar o sistema, aproximadamente um pneu e meio para cada morador.
“O pneu a ser utilizado não pode ser de carro, pois é muito estreito. Tem que ser pelo menos de caminhão por conta do volume de água que irá receber. Eles são empilhados e fixados com parafuso e selados entre eles com silicone ou poliuretano”, explica.
No esquema abaixo é possível ter uma ideia de como funciona. A água com os dejetos cai no primeiro buraco. Um processo de sedimentação faz com que as fezes sejam depositadas no fundo, enquanto o líquido vai se acumulando até atingir a altura do cano que a joga para o segundo compartimento.
Ali ela passa entre as pedras para conseguir chegar ao nível de cair para a terceira fossa, onde é dispensada com ajuda de buracos nos pneus e passando novamente pela brita.
“Quando se fala em fossas ecológicas existe a exigência de um processo de descontaminação. Isso já existe dentro da engenharia e nós inserimos a ideia do pneu para ser usada como uma iniciativa prática, para ficar mais dinâmico para as pessoas avaliarem, já que a borracha tem alta durabilidade e resiste muito tempo inclusive à abrasão por agentes químicos”, diz Mizumoto.
Solução – Fernando Garayo, coordenador de meio-ambiente da Águas Guariroba, afirma que a maioria das residências que usam fossas sépticas não a constroem da maneira correta, com mais de um compartimento.
“Para se ter uma ideia, a fossa tem uma eficiência em torno de 70%. Ainda não é ideal, mas já é alguma coisa. Na chamada fossa negra, onde simplesmente se abre um buraco para jogar os dejetos, não há esse tratamento e o material infiltra no solo e acaba poluindo os lençóis freáticos e consequentemente os rios, fora o perigo de o vizinho usar poço artesiano.
Além disso, existe o problema das chamadas ligações factíveis, que são as residências onde o esgoto passa na frente do imóvel, mas o dono não faz a ligação, o que seria obrigatório. O ideal para quem não está conectado, segundo ele, seria contar com a ajuda de profissionais da engenharia na hora de construir o sistema.
“Muitas vezes falta informação. Hoje em dia qualquer engenheiro ambiental ou civil consegue projetar fossa para residência e no mercado têm soluções pré-moldadas que garantem o mínimo de eficiência”, comenta o diretor de meio-ambiente.
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